segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UNIDADE, QUESTÃO SUBSTANTIVA




O governo Dilma necessitará de apoio popular e de clareza programática.

Caso contrario pode ser engolida pelas articulações conservadoras, capitaneadas pelo próprio PMDB.

Alianças fáceis, visando ocupação de aparatos, sem compromissos programáticos tenderão a levar a esquerda a uma encruzilhada.

A ampla aliança costurada para o governo Dilma preocupam. Parece que o Jobim vai continuar. Gerdau será consultor para a gestão pública.

É preocupante a declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), que lançou um balão de ensaio com viés fiscalista e anti-social, apelidado de “desoneração da folha de pagamentos”.

Não passa de uma ameaça de corte de direitos trabalhistas. Desonerar folha de pagamento significa cortar recursos para essas finalidades, é menos dinheiro pra as áreas sociais.

E o que dizer do Vaccareza, líder governo Câmara Federal, em entrevista à Veja, buscano agradar os setores conservadores atacando a pauta do movimento sindical?

São indícios preocupantes.

Os trabalhadores ainda tem uma enorme dívida a ser saldada.

Nos governos Lula, tivemos poucos avanços na pauta sindical.

Não conquistamos a regulamentação das convenções 158 (demissão imotivada). O fator previdenciário continua existindo. A organização por local de trabalho não é garantida, vigorando o “código penal das empresas”.

Maior democracia e condições de trabalho, jornada de 40 horas e o fim do fato previdenciário são pontos centrais.
Para trilhar o caminho complexo que teremos pela frente é essencial a unidade das esquerdas.

O próprio Lula aponta o exemplo da Frente Ampla como uma possibilidade de unificação das esquerdas. Compreende o novo momento onde os setores conservadores podem rearticular-se.

O vizinho Uruguai mostra a importância da unidade e a capacidade de construí-la.

O exemplo da Frente ampla, inspirada na unidade do movimento sindical, mostra que é possível buscar a hegemonia junto ao povo. Que é possível a unidade na diversidade.

Não devemos renunciar a nossos princípios, mas devemos ter a capacidade de garantir a ação unitária de todos os trabalhadores organizados.

É perigoso jogar todas as fichas nas articulações parlamentares e partidárias.

O cenário é favorável pra que sejam enfrentados os graves problemas sociais bem como trazer avanços aos trabalhadores.

Isto não pode gerar ilusão ou passividade. Afinal, a direita brasileira, que representa os interesses da elite nativa e dos impérios internacionais, ainda tem força.

Ela perdeu eleitoralmente, mas tentará vencer politicamente, enquadrando o novo governo ou investindo na sua desestabilização golpista.
As contradições serão grandes e em todos os quadrantes.

O Movimento Sindical brasileiro ampliou sua divisão após a vitória do Presidente Lula.

Essa divisão se deu em grande medida numa perspectiva de ocupação de aparatos. A lógica “cupulista” e hegemonista inspirou a dispersão.

Os motivadores programáticos foram de menor monta.

Na própria Central Única dos Trabalhadores, o setor majoritário busca impor a lógica da supremacia, quase total.

O novo sindicalismo nasceu enfrentando a burocracia, falta de transparência. Mas, nos últimos tempos, essa lógica voltou a imperar.

O momento atual mostra quão equivocado está sendo essa postura.

O movimento sindical esta perdendo capacidade de exercer efetivo protagonismo, assistindo as articulações superestruturais impor a pauta aos trabalhadores.

O momento é de romper com essa lógica e buscar a unidade da esquerda na luta concreta.

Temos que descer para a planície e organizar o povo, unificar a luta, com programa estratégico claro, exercendo a capacidade de unificar respeitando as divergências.

Urge retomar a prática de um sindicalismo classista e com íntima relação com o povo. Diminuir rapidamente a distância que as direções sindicais se colocaram em relação às bases.

Colocar em movimento os subalternos, apostando na organização popular.

Descer à planície para subir ao planalto e desequilibrar a correlação que os de cima tentam impor.

Superar a inércia hegemonista, dos acordos de cúpula, que não incorpora o povo.

O momento trás muitas possibilidades. Mas não podemos desconhecer as dificuldades.

A unidade ampla da base, a formação do núcleo de esquerda e a opção por um rumo claramente democrático, popular e nacional são os principais desafios do momento.

A unidade das esquerdas se torna um imperativo.


4 comentários:

  1. Mauro bem claro teu texto. Concordo o momento é de aproximações articuladas podemos usar o termo novo que esta na ponta dos cascos "concertação" que nada mais é que diálogo. É o que precisamos fazer a partir dos nossos, com os outros e entre todos. Movimento sindical, social e ambiental unificado.
    Paulo Mendes - Sec. Meio Ambiente da CUT/RS

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  2. Não creio que VC seja tão ingênuo em não perceber que a Sra Dilma não passe de uma uma mera marionete nas mãos dos oportunistas.

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  3. Interessante para VC acompanhar as divulgações do PCPE (Partido Comunista de los Pueblos de España). www.pcpe.es.

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  4. Não creio que Dilma seja uma marionete. Mas tenha clareza da necessidade dos movimentos populares exercer a devida pressão para que hajam avanços. Não cairão do céu!

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