"Na verdade, são poucos os que sabem da existência de um pequeno cérebro em cada um dos dedos da mão, algures entre a falange, a falanginha e a falangeta. Aquele outro órgão a que chamamos cérebro, esse com que viemos ao mundo, esse que transportamos dentro do crânio e que nos transporta a nós para que o transportemos a ele, nunca conseguiu produzir senão intenções vagas e gerais, difusas, e sobretudo variadas, acerca do que as mãos e os dedos deverão fazer. Por exemplo, se ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia da pintura, ou música, ou escultura, ou literatura, ou boneco de barro, o que ele faz é manifestar o desejo e ficar depois à espera, para ver o que acontece. Só porque despachou uma ordem às mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era tudo quanto se necessitava para que o trabalho, após umas quantas operações executadas pelas extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se perguntar por que razão o resultado final dessa manipulação sempre complexa até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia imaginado antes de dar instruções às mãos. Note-se que, ao nascermos, os dedos ainda não têm cérebros, vão-nos formando pouco a pouco com o passar do tempo e o auxílio do que os olhos vêem. O auxílio dos olhos é importante, tanto quanto o auxílio daquilo que por eles é visto. Por isso o que os dedos sempre souberam fazer de melhor foi precisamente revelar o oculto. O que no cérebro possa ser percebido como conhecimento infuso, mágico ou sobrenatural, seja o que for que signifiquem sobrenatural, mágico e infuso, foram os dedos e os seus pequenos cérebros que lho ensinaram".
(SARAMAGO, 2000, p. 82-83).
Refletir sobre a realidade a partir da ação concreta, integrando os “cérebros”, conforme filosoficamente apresenta Saramago, é tarefa essencial para que a realidade seja exposta, tateada, desvendada.
O movimento sindical e o movimento pela saúde do trabalhador têm o desafio de despertar, ver com mais clareza, estudando as complexas nuances da disputa por uma sociedade mais justa e equilibrada.
Precisamos ir às raízes dos problemas, buscando compreender a estrutura e o modo de legitimação do capitalismo.
A temática Saúde do Trabalhador permite, a partir das feridas expostas pelo capital, desvendar as conexões ocultas do modo de produzir capitalista e suas conseqüências sociais.
Portanto, é estratégico para a ação sindical transformadora.
O movimento social, e o sindicalismo em especial, precisam corrigir a “preguiça” teórica e a prática acomodada à ordem, lançando-se ao desafio de estudar e compreender os meandros da estrutura capitalista.
Buscando lançar uma luz sobre a escuridão, desvendando as conexões ocultas de como é exercida a dominação do capital, enquanto estratégia de poder e as resistências forjadas pelos trabalhadores.
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www.sindbancarios.org.br/site2007/cms/arquivos/departamentos/departamento_38.pdf
O sistema que estamos submergidos ao qual chamou-se Capitalismo somente existe com a exploração de uma classe por outra,sem a abolição do sistema de classe não há libertação para a classe explorada, pena que em nosso país fomos vitimas de um estelionato eleitoral e que prosseguirá, infelizmente com a prestimosa colaboração de um grande número de sindicatos e centrais sindicais(leia-se CUT)à classe explorada nada resta senão assistir tristemente esse jogo de submissão e servilismo.
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