sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CONEXÕES OCULTAS DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

                                                  
"Na verdade, são poucos os que sabem da existência de um pequeno cérebro em cada um dos dedos da mão, algures entre a falange, a falanginha e  a falangeta. Aquele outro órgão a que chamamos  cérebro, esse com que viemos ao mundo, esse  que transportamos dentro do crânio e que nos  transporta a nós para que o transportemos a ele,  nunca conseguiu produzir senão intenções vagas  e gerais, difusas, e sobretudo variadas, acerca do  que as mãos e os dedos deverão fazer. Por exemplo, se ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia  da pintura, ou música, ou escultura, ou literatura,  ou   boneco de barro, o que ele faz é manifestar o  desejo e ficar depois à espera, para ver o que  acontece. Só porque despachou uma ordem às  mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era  tudo quanto se necessitava para que o trabalho,  após umas quantas operações executadas pelas  extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se perguntar por que  razão o resultado final dessa manipulação sempre complexa até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia imaginado antes de dar instruções às mãos. Note-se  que, ao nascermos, os dedos ainda não têm cérebros, vão-nos formando pouco a pouco com o passar do tempo e o auxílio do que os olhos vêem. O  auxílio dos olhos é importante, tanto quanto o  auxílio daquilo que por eles é visto. Por isso o  que os dedos sempre souberam fazer de melhor  foi precisamente revelar o oculto. O que no cérebro possa ser percebido como conhecimento  infuso, mágico ou sobrenatural, seja o que for que  signifiquem sobrenatural, mágico e infuso, foram  os dedos e os seus pequenos cérebros que lho ensinaram".
 (SARAMAGO, 2000, p. 82-83).



Refletir sobre a realidade a partir da ação concreta, integrando os “cérebros”, conforme filosoficamente apresenta Saramago, é tarefa essencial para que a realidade seja exposta, tateada, desvendada. 

O movimento sindical e o movimento pela saúde do trabalhador têm o desafio de despertar, ver com mais clareza, estudando as complexas nuances da disputa por uma sociedade mais  justa e equilibrada. 

Precisamos ir às raízes dos problemas, buscando compreender a estrutura e o modo de legitimação do capitalismo. 

A temática Saúde do Trabalhador permite, a  partir das feridas expostas pelo capital, desvendar as conexões ocultas do modo de produzir capitalista e suas conseqüências sociais. 

Portanto, é  estratégico para a ação sindical transformadora.                                            

O movimento social, e o sindicalismo em especial, precisam corrigir a “preguiça” teórica e a  prática acomodada à ordem, lançando-se ao desafio de estudar e compreender os meandros da  estrutura capitalista.

Buscando lançar uma luz sobre a escuridão, desvendando as conexões ocultas de como é exercida a dominação do capital,  enquanto estratégia de poder e as resistências  forjadas pelos trabalhadores. 

Leia mais...

www.sindbancarios.org.br/site2007/cms/arquivos/departamentos/departamento_38.pdf

Um comentário:

  1. O sistema que estamos submergidos ao qual chamou-se Capitalismo somente existe com a exploração de uma classe por outra,sem a abolição do sistema de classe não há libertação para a classe explorada, pena que em nosso país fomos vitimas de um estelionato eleitoral e que prosseguirá, infelizmente com a prestimosa colaboração de um grande número de sindicatos e centrais sindicais(leia-se CUT)à classe explorada nada resta senão assistir tristemente esse jogo de submissão e servilismo.

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