quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

VOCÊ QUE ACORDA CEDO. EM 2011 VAMOS SOLTAR A VOZ


Você que começa cedo
E sai tarde
Use um pouco do teu tempo
Para que esta dor que arde
Incendeie!
Vem mudar seu mundo
Perca o medo
Seja força e coragem.

Solta tua voz
Numa rede de vozes
Cada um gritando seu basta!

Uma rede de braços
Para unir os esforços.

Uma rede de sofrimentos
Que juntos transformarão
O choro em tempestade
Numa chuva de bastas!

Basta de humilhação
De corpos pisando e sendo pisados.

Onde tudo é variável,
Flexível
Precisa ser rígida
Nossa inflexão.

Construindo uma orquestra
De vozes
Entoadas por corpos
Unidos.

Dividem o corpo, a cabeça
Tronco e pernas
Muitas vezes acreditamos
Que somos cabeça sem corpo
Corpo e cabeça
Que não se falam
Que somos nós e mais ninguém.

Odiamos nosso colega
E a nós mesmos
No espelho olhado
Agindo como as cobras
Que nos fazem
Menos solidários
E mais solitários.

Um novo mundo é necessário
A partir de nós
Com todos.

Vamos gritar
Espalhar nosso lamento
Um novo mundo em nossas mãos
Vamos buscar outras mãos
Unir nossas vozes
Caminhar lado-a-lado
Acreditar que é possível
Um 2011 melhor,
um mundo melhor.

construído a muitas mãos
muitas vozes
solidariamente unidos
dando sentido ao viver.

domingo, 19 de dezembro de 2010

DOSSIÊ VIOLÊNCIA NO TRABALHO: A verdadeira (ir)responsabilidade social dos bancos




Abaixo alguns depoimentos de colegas bancários sobre o processo de pressão dos Bancos, onde o que importa são os resultados, sem questionamentos. Esses relatos são frutos do projeto “Tudo tem limite” do SindBancários de Porto Alegre que, entre outras ações, busca que os trabalhadores denunciem as situações de violência a que são submetidos.

Saiba mais sobre o projeto

http://www.tudotemlimite.org.br/

A pressão para cumprir metas individuais é grande...metas estão sendo cumpridas por uns de forma canibalística, arrancando dos clientes verbas para adquirir produtos que não querem(...) se não vender, tá ferrado! Ameaças são constantes”.


O banco nos instrui na questão da responsabilidade social. O banco faz questão disso. Mas quando explico para um cliente que recebe R$ 500,00 por mês e tem um limite de R$ 300,00, que ele precisa saber de quem é os R$ 300,00 – o banco não te dá nada!! Você tem que aprender a controlar seus gastos! Aí sou cobrada”.
Não me cobram mais resultados, sou a primeira na agência. A cobrança é que falo demais. Há uma contradição nisso – como vou esclarecer as pessoas, cumprir as metas, se não posso conversar com os clientes?

O falar demais não significa a quantidade de palavras, mas o conteúdo delas, pois o que importa é vender, sem condicionantes, sem balizar-se na ética e na “responsabilidade social”.

Essa situação esta me incomodando, estou explodindo. Sou a mais dedicada na agência, mas já estou com fama de insubordinada.

Para vender ela tem que falar, mas somente o que o banco quer que ela fale.

Digo para o gerente – deixa eu fazer do meu jeito!

Só que o jeito dela não interessa aos valores do Banco, mesmo que ela trabalhe bem e traga valores monetários, que é o que interessa ao Banco. Os bancários são pressionados aos resultados, sem levar em conta a ética.

Há pressão psicológica no cumprimento de metas. Recebemos Nota Pessoal de hora em hora. Não é força de expressão “hora em hora”, é fato. Nos celulares também as mensagens lotam a caixa de entrada(...)enfim, está virado num campo de concentração(...)é um massacre mental que, por consequência, dá uma sensação de fracasso e incapacidade”.



Eis aqui, portanto, o homem fora do nosso povo, fora de nossa humanidade. Ele está continuamente faminto, nada lhe pertence a não ser o instante de tortura...Ele sempre tem apenas uma coisa: seu sofrimento, mas não existe nada na face da terra que lhe possa servir de remédio, não há chão para ele colocar seus dois pés, não há apoio onde suas duas mãos se possam agarrar, e, assim, ele é menos aquinhoado do que o trapezista de music-hall, que pelo menos está pendurado por um fio. FRANZ KAFKA

A realidade vivenciada nos contaminou com o pessimismo de Kafka, mas achamos que ainda existem fios pendurando esperanças, pois os trabalhadores resistem. 

Compensamos o pessimismo com o “otimismo trágico”, expresso por Boaventura Santos, porque alia, a uma aguda consciência das dificuldades e dos limites das lutas pela emancipação social, que não sejam facilmente cooptáveis pela regulação social dominante, uma inabalável confiança na capacidade humana para superar dificuldades e criar horizontes potencialmente infinitos dentro dos limites assumidos como inultrapassáveis.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CONEXÕES OCULTAS DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

                                                  
"Na verdade, são poucos os que sabem da existência de um pequeno cérebro em cada um dos dedos da mão, algures entre a falange, a falanginha e  a falangeta. Aquele outro órgão a que chamamos  cérebro, esse com que viemos ao mundo, esse  que transportamos dentro do crânio e que nos  transporta a nós para que o transportemos a ele,  nunca conseguiu produzir senão intenções vagas  e gerais, difusas, e sobretudo variadas, acerca do  que as mãos e os dedos deverão fazer. Por exemplo, se ao cérebro da cabeça lhe ocorreu a ideia  da pintura, ou música, ou escultura, ou literatura,  ou   boneco de barro, o que ele faz é manifestar o  desejo e ficar depois à espera, para ver o que  acontece. Só porque despachou uma ordem às  mãos e aos dedos, crê, ou finge crer, que isso era  tudo quanto se necessitava para que o trabalho,  após umas quantas operações executadas pelas  extremidades dos braços, aparecesse feito. Nunca teve a curiosidade de se perguntar por que  razão o resultado final dessa manipulação sempre complexa até nas suas mais simples expressões, se assemelha tão pouco ao que havia imaginado antes de dar instruções às mãos. Note-se  que, ao nascermos, os dedos ainda não têm cérebros, vão-nos formando pouco a pouco com o passar do tempo e o auxílio do que os olhos vêem. O  auxílio dos olhos é importante, tanto quanto o  auxílio daquilo que por eles é visto. Por isso o  que os dedos sempre souberam fazer de melhor  foi precisamente revelar o oculto. O que no cérebro possa ser percebido como conhecimento  infuso, mágico ou sobrenatural, seja o que for que  signifiquem sobrenatural, mágico e infuso, foram  os dedos e os seus pequenos cérebros que lho ensinaram".
 (SARAMAGO, 2000, p. 82-83).



Refletir sobre a realidade a partir da ação concreta, integrando os “cérebros”, conforme filosoficamente apresenta Saramago, é tarefa essencial para que a realidade seja exposta, tateada, desvendada. 

O movimento sindical e o movimento pela saúde do trabalhador têm o desafio de despertar, ver com mais clareza, estudando as complexas nuances da disputa por uma sociedade mais  justa e equilibrada. 

Precisamos ir às raízes dos problemas, buscando compreender a estrutura e o modo de legitimação do capitalismo. 

A temática Saúde do Trabalhador permite, a  partir das feridas expostas pelo capital, desvendar as conexões ocultas do modo de produzir capitalista e suas conseqüências sociais. 

Portanto, é  estratégico para a ação sindical transformadora.                                            

O movimento social, e o sindicalismo em especial, precisam corrigir a “preguiça” teórica e a  prática acomodada à ordem, lançando-se ao desafio de estudar e compreender os meandros da  estrutura capitalista.

Buscando lançar uma luz sobre a escuridão, desvendando as conexões ocultas de como é exercida a dominação do capital,  enquanto estratégia de poder e as resistências  forjadas pelos trabalhadores. 

Leia mais...

www.sindbancarios.org.br/site2007/cms/arquivos/departamentos/departamento_38.pdf

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Una Delgada Linea


Publico interessante artigo de Carlos Bouzas, publicado no Jornal da PIT/CNT do Uruguai  Trata sobre a necessária autonomia dos sindicatos e a busca da unidade na diversidade.


UMA DELGADA LÍNEA (UMA TÊNUE LINHA)

No mês de maio de 1977, realizou-se, em Barcelona, o XXXI Congresso Federal da União Geral dos Trabalhadores da Espanha (UGT). No ato inaugural falou Felipe Gonzalez, que exercia a Secretaria Geral do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE). 

Em seu discurso, muito bem recebido pelos congressistas, comentou o laço indissolúvel entre a UGT com o PSOE, observando que “se os espanhóis derem ao PSOE a responsabilidade de formar um governo, essa lealdade institucional deve ser respeitada ao pé da letra”.

E assim ocorreu. Em outubro de 1982 o PSOE ganhou as eleições nacionais obtendo uma cômoda maioria parlamentar.

Três anos depois (1985) a Confederação Sindical de Comissões Obreras (CC.OO.), a outra grande central sindical espanhola vinculada ao Partido Comunista da Espanha (PCE), convocou uma greve geral para questionar uma resolução do governo do PSOE relativa ao cálculo das pensões. A UGT não acompanhou esse chamamento, seguindo fielmente ao pacto que aludimos acima. 

Mas este acatamento originou um distanciamento entre os líderes do PSOE e o secretario geral da UGT Nicolas Redondo, que foi acompanhado pelo, na época, prefeito de Madrid, o professor Enrique Tierno Galvan.

O distanciamento aprofundou progressivamente, ao ponto que, na seguinte convocação de greve geral, em 1988, contra a política econômica, ocorreu conjuntamente entre a CC.OO. E a UGT.

Desde então até nossos dias, a relação entre as duas organizações tem mudado. Na atualidade, novamente há um distanciamento.

Qual é o pecado original? Está bem esse relacionamento? Quem ganha e quem perde? Tem algo a ver este exemplo com a Frente Ampla e a PIT-CNT?

Para começar a deixar claro o terreno, vale a pena lembrar (ou informar) que tanto o PSOE como a UGT, foram fundados pelo líder histórico do socialismo espanhol, Don Pablo Iglesias; o primeiro em 2 de maio de 1879 em Madrid e a segunda em 12 de agosto de 1888 em Barcelona. 

É razoável que se invoque o caminho comum, chegando ao extremo que o estatuto do PSOE determinam que um dos deveres de um bom socialista é filiar-se à UGT.

O movimento sindical uruguaio teve sua origem vinculada às grandes correntes de pensamento que reivindicam a defesa do trabalhador explorado (anarquistas, socialistas, comunistas, cristãos) mantendo-se à margem da fidelidade aos partidos e organizações que os inspiraram.

Agreguemos a isso a circunstância de que a partir da década de cinquenta do século XX, foram os trabalhadores organizados sindicalmente que colocaram em questão a necessidade da unidade para incrementar suas forças, uma época em que começou a tremer o sistema democrático em nosso país.

E ao redor de quinze anos depois, lograram criar a ferramenta (CNT). Para isso foi necessária muita discussão, tendo claro por parte de todos, que o objetivo da unidade era superior aos obstáculos ideológicos e mesmo metodológicos.

Nasceu assim o conceito de unidade na diversidade, que implica que não renuncia a seus princípios, mas se obriga a que estes não ponham em perigo o trabalho e a ação unida de todos os trabalhadores organizados sindicalmente. E o sistema funcionou, a tal extremo que atravessou onze anos de luta clandestina (1973-1984) emergindo dela com a mesma estrutura, os mesmo conceitos, que foram encampados por uma nova geração que emergiu com o nome PIT.

E, curiosamente, o exemplo do movimento sindical foi reconhecido pelas expressões políticas da esquerda uruguaia, conformando a Frente Ampla no ano de 1971, hoje atuando como partido governante.

Diferente daquele discurso de Felipe Gonzales de 1978, nenhum dirigente político de esquerda ou governante, reclama um pacto de irmandade entre a força política e a organização sindical.

E creio que está correto, porque a função do governo está marcada pelo contexto nacional, regional e internacional onde deve atuar buscando avançar no cumprimento de seu programa. Enquanto que a função do movimento sindical é de defesa dos interesses da classe que representa. 

Ambos os caminhos nem sempre são coincidentes e as vezes devemos olhar muito bem para ver se são convergentes. Há uma linha que os separa necessariamente, dado que suas funções são distintas.

Nesse último aspecto creio ser necessário prestar mais atenção. Que balanço fazemos do desenvolvimento do nível de vida (salário, benefícios sociais, aposentadoria e pensões, criação de fontes de trabalho) e da democratização das relações institucionais (fomento das organizações, respeito aos direitos humanos e especialmente sindicais) em cada governo, bem como quanto a nossas reivindicações imediatas não atendidas ou atendidas parcialmente?

Nesse terreno sempre haverá desencontros que inevitavelmente serão explorados, aproveitados, magnificados por aquelas forças políticas que veem com preocupação a implantação de governos progressistas em nosso país e aproveitam qualquer circunstância para criar um foço – mais fundo possível – entre o governo e seu partido com as organizações sindicais que inspirou esse sistema uruguaio e que está dando bons resultados ao conjunto da população.

A responsabilidade compartilhada de ambos – governo e central sindical – radica, a meu juízo, em manter permanentemente uma discussão fluida na procura das melhores soluções, que nunca são as ideais.

Mantendo sempre essa delgada linha.
 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

UNIDADE, QUESTÃO SUBSTANTIVA




O governo Dilma necessitará de apoio popular e de clareza programática.

Caso contrario pode ser engolida pelas articulações conservadoras, capitaneadas pelo próprio PMDB.

Alianças fáceis, visando ocupação de aparatos, sem compromissos programáticos tenderão a levar a esquerda a uma encruzilhada.

A ampla aliança costurada para o governo Dilma preocupam. Parece que o Jobim vai continuar. Gerdau será consultor para a gestão pública.

É preocupante a declaração do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), que lançou um balão de ensaio com viés fiscalista e anti-social, apelidado de “desoneração da folha de pagamentos”.

Não passa de uma ameaça de corte de direitos trabalhistas. Desonerar folha de pagamento significa cortar recursos para essas finalidades, é menos dinheiro pra as áreas sociais.

E o que dizer do Vaccareza, líder governo Câmara Federal, em entrevista à Veja, buscano agradar os setores conservadores atacando a pauta do movimento sindical?

São indícios preocupantes.

Os trabalhadores ainda tem uma enorme dívida a ser saldada.

Nos governos Lula, tivemos poucos avanços na pauta sindical.

Não conquistamos a regulamentação das convenções 158 (demissão imotivada). O fator previdenciário continua existindo. A organização por local de trabalho não é garantida, vigorando o “código penal das empresas”.

Maior democracia e condições de trabalho, jornada de 40 horas e o fim do fato previdenciário são pontos centrais.
Para trilhar o caminho complexo que teremos pela frente é essencial a unidade das esquerdas.

O próprio Lula aponta o exemplo da Frente Ampla como uma possibilidade de unificação das esquerdas. Compreende o novo momento onde os setores conservadores podem rearticular-se.

O vizinho Uruguai mostra a importância da unidade e a capacidade de construí-la.

O exemplo da Frente ampla, inspirada na unidade do movimento sindical, mostra que é possível buscar a hegemonia junto ao povo. Que é possível a unidade na diversidade.

Não devemos renunciar a nossos princípios, mas devemos ter a capacidade de garantir a ação unitária de todos os trabalhadores organizados.

É perigoso jogar todas as fichas nas articulações parlamentares e partidárias.

O cenário é favorável pra que sejam enfrentados os graves problemas sociais bem como trazer avanços aos trabalhadores.

Isto não pode gerar ilusão ou passividade. Afinal, a direita brasileira, que representa os interesses da elite nativa e dos impérios internacionais, ainda tem força.

Ela perdeu eleitoralmente, mas tentará vencer politicamente, enquadrando o novo governo ou investindo na sua desestabilização golpista.
As contradições serão grandes e em todos os quadrantes.

O Movimento Sindical brasileiro ampliou sua divisão após a vitória do Presidente Lula.

Essa divisão se deu em grande medida numa perspectiva de ocupação de aparatos. A lógica “cupulista” e hegemonista inspirou a dispersão.

Os motivadores programáticos foram de menor monta.

Na própria Central Única dos Trabalhadores, o setor majoritário busca impor a lógica da supremacia, quase total.

O novo sindicalismo nasceu enfrentando a burocracia, falta de transparência. Mas, nos últimos tempos, essa lógica voltou a imperar.

O momento atual mostra quão equivocado está sendo essa postura.

O movimento sindical esta perdendo capacidade de exercer efetivo protagonismo, assistindo as articulações superestruturais impor a pauta aos trabalhadores.

O momento é de romper com essa lógica e buscar a unidade da esquerda na luta concreta.

Temos que descer para a planície e organizar o povo, unificar a luta, com programa estratégico claro, exercendo a capacidade de unificar respeitando as divergências.

Urge retomar a prática de um sindicalismo classista e com íntima relação com o povo. Diminuir rapidamente a distância que as direções sindicais se colocaram em relação às bases.

Colocar em movimento os subalternos, apostando na organização popular.

Descer à planície para subir ao planalto e desequilibrar a correlação que os de cima tentam impor.

Superar a inércia hegemonista, dos acordos de cúpula, que não incorpora o povo.

O momento trás muitas possibilidades. Mas não podemos desconhecer as dificuldades.

A unidade ampla da base, a formação do núcleo de esquerda e a opção por um rumo claramente democrático, popular e nacional são os principais desafios do momento.

A unidade das esquerdas se torna um imperativo.


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

COTIDIANOS DO TRABALHO



Percorrendo agências Bancárias de Porto Alegre, nos deparamos com uma agência com vidro quebrado, com um tapume de compensado. Achamos tratar-se de um assalto. Mas ao conversar com a gerência fomos informado que foi causado por um vizinho do prédio onde fica a agência, que reclamou do barulho da obra que estava sendo executada, como não foi atendido teve um surto de raiva e quebrou o vidro.

Os bancários tem que suportar o barulho, a poeira, o cheiro de tintas nas reformas. Situações bastante comuns.

Continuando nossa "ronda", em outra agência, também em obras, deparamos com uma situação insólita. Uma cliente reclamando para o gerente, indignada, que havia deixado sua bolsa no balcão e estava toda suja de poeira. O gerente prontamente chamou a servente que limpou a bolsa, pediu desculpas para a cliente.


E o pulmão dos bancários que são obrigados a trabalhar sob essas condições?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SAÚDE DO TRABALHADOR NO GOVERNO DILMA - ABAIXO ASSINADO


Qual outro motivo há para o escasso investimento em campanhas de esclarecimento e mobilização da sociedade para enfrentar as mortes e adoecimento pelo trabalho? 
Campanhas contra a poliomielite e a AIDS são comuns e intensas. 
Contra os acidentes de trabalho, muito pouco se vê. 
A diferença é que na AIDS e na pólio os potenciais causadores de adoecimento são vírus. 
No caso dos AT, os causadores são as relações de trabalho, o modo como a sociedade se estrutura.
Da mesma forma que é preciso identificar o tipo de vírus, desenvolvendo a vacina necessária, tem que se atacar o “vírus social” que gera as doenças e mortes em sua matriz, em seu lócus, qual seja, nas empresas e na estrutura política e ideológica que sustenta a dominação. 
Também é essencial que o estado seja pró-ativo, garantindo a necessária proteção social e a vigilância dos ambientes.
O governo Dilma precisa colocar o elemento humano no centro do processo de desenvolvimento. 
Chamamos a todos a participar do abaixo-assinado e das mobilizações necessárias para garantirmos a efetivação de seu conteúdo.

Saúde do Trabalhador no Governo Dilma
À
Excelentíssima Presidente da República
Dilma Roussef
Somos pessoas que desde o primeiro turno das eleições presidenciais fizeram a opção por sua candidatura ou que por ela optaram no segundo turno, ou ainda, pessoas que ajudaram ativamente na sua construção.
Qualquer palavra sobre a esperança que sua eleição nos traz seria redundante e apequenaria o que gostaríamos de tratar nesta carta em breves linhas, que temos certeza, atingirão o nosso objetivo que é o de chamar a sua atenção sobre a saúde dos trabalhadores deste país.
Compreendemos e apoiamos o grande esforço feito pelo governo Lula na busca do crescimento econômico e ao mesmo tempo da distribuição de renda, marco da gestão federal dos últimos 8 anos.
No entanto, no que tange a saúde dos trabalhadores, temos testemunhado e estudado o grande impacto desse processo produtivo sobre a saúde dos que trabalham, seja em forma de acidentes seja em forma das diversas manifestações de adoecimento. Continuamos a ter mortes e mutilações decorrentes de acidentes traumáticos como quedas de altura, amputações, sufocamento por grãos, explosões, dentre outras causas, eventos que não ocorreriam se a mesma atenção dada à economia fosse dispensada às questões de segurança e saúde do trabalhador.
São processos de trabalho que deveriam tornar-se cada vez mais seguros por meio de dispositivos de proteção coletiva, que não pudessem ser “desmontados” para o aumento do ritmo de trabalho em nome da produtividade. Concomitantemente a esses acontecimentos chamados acidentes, lembrando que de acidentes só têm o nome, pois são perfeitamente previsíveis e evitáveis, há um processo de adoecimento que se mistura àquele esperado para a população em geral e que só seria perceptível aos olhos dos governantes se houvesse uma política de Estado com base em dados reais captados por sistemas à prova de interesses que não os públicos.
Qual governante poderia relacionar alguns processos cancerígenos à exposição de substâncias químicas em passado remoto? Dizem os empresários, devidamente amparados por seus técnicos, médicos, peritos e mídia, que a solução passa pela proteção do trabalhador com o uso de equipamentos individuais, sem pensar na necessidade de pesquisas para substituição dessas substâncias ou o seu uso em processo totalmente fechado que não coloque o trabalhador ou o meio ambiente em contato com a substância. Tampouco se pensa no descarte dos produtos que sobram desses processos, preferindo fazê-lo de forma irresponsável, contaminando trabalhadores, pessoas da população e o meio ambiente de forma irreversível.
Qual governante poderia relacionar legiões de pessoas com dores músculo-esqueléticas, particularmente de coluna e de membros superiores às exigências no trabalho, nem sempre relacionadas somente ao esforço físico, mas também aos movimentos repetitivos, à pressão para produção, à ausência de pausas e à falta de tempo para recuperação? Em resposta ao grande contingente de mulheres jovens incapacitadas por lesões múltiplas músculo-esqueléticas, dizem os empresários, devidamente amparados por seus técnicos, médicos, peritos e mídia, que essas formas de adoecimento são decorrentes da sobrecarga que determinados afazeres domésticos impõem e que os caminhos são os da seleção de pessoal para as atividades de trabalho. Calam-se diante dos trabalhadores do sexo masculino com problemas semelhantes e tecnocratas calculam riscos de custos previdenciários e maneiras de “corrigir” as planilhas.
Seria importante perguntar aos profissionais de saúde pública e aos professores de fato dedicados à ciência e ao ensino qual é a estimativa de tempo de vida laboral sem adoecimento que se dá para os coletores de lixo que correm atrás dos caminhões, recolhendo sacos de lixo e jogando-os para os veículos. Não se pensa em políticas integradas em que a população colocaria os lixos de forma seletiva em determinados dias da semana para diminuir o lixo de cada dia, para facilitar a reciclagem e ao mesmo tempo diminuir a carga de trabalho dos coletores. Tampouco se pensa em mudar a forma de coleta de lixo e de compatibilizar o número de trabalhadores com a demanda da população. Isso seria muito caro para os empresários. Até o momento tem sido caro para os trabalhadores e suas famílias.
Qual governante poderia relacionar o grande contingente de pessoas com depressão, alcoolismo e outros transtornos mentais com a pressão para o alcance das metas estipuladas pelas empresas para um cada vez mais reduzido quadro de pessoal? Dizem os empresários, devidamente amparados por seus técnicos, médicos, peritos e mídia, que essas formas de adoecimento são decorrentes da modernidade e da violência urbana que preocupa a população em geral e que os caminhos são novamente os da seleção de pessoal, por meio de teste psicológicos para identificar os mais resilientes. Em nenhum momento se pensa efetivamente em mudar o processo de trabalho que estimula a competitividade entre os trabalhadores e que abrem espaços para práticas humilhantes em todos os níveis hierárquicos das corporações. Tudo ocorre com um contingente cada vez mais enxuto em nome das reengenharias e modernizações organizacionais, sem que se discuta a quem esses lucros deveriam favorecer.
O Estado tem ficado com parte dos mortos e feridos desses campos de batalha escondidos; a outra parte tem sido descartada pelo próprio Estado, que tem sido competente em se livrar, deixando-a desassistida e desamparada, sem terapias e sem os chamados benefícios previdenciários. Enxugamos gelo particularmente no SUS e na Previdência Social, cujas máquinas ainda não se dedicam a analisar e a criar mecanismos que contenham essa sangria, como é o caso da Saúde. No INSS, identificamos estruturas internas herdadas dos governos anteriores que trabalham ativamente nos subterrâneos, desconstruindo a legislação por meio de dispositivos normativos que têm boicotado as iniciativas positivas. Sequer sua base nacional de dados é compartilhada com outras pastas governamentais como a Saúde e o Trabalho para que políticas de Estado possam ser construídas.
Senhora Presidente, muito tem se escrito sobre estas questões, mas não se tem conseguido colocar a saúde do trabalhador na pauta do crescimento e desenvolvimento econômico do país. A III Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, convocada pelos Ministérios da Saúde, do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, ocorrida em 2005, intitulou-se “Trabalhar sim, adoecer não” e discutiu a intersetorialidade, a transversalidade, o desenvolvimento sustentável e a participação social. À luz de questões levantadas e discutidas naquele processo é preciso construir, junto com a Agricultura, com a Indústria e Comércio, com o Planejamento e demais áreas econômicas, um projeto de sociedade que queremos. Colchas de retalhos que vêm se desenhando em comissões de gabinete já as temos aos montes.
Ao contrário do que dizem alguns, incluir o elemento humano no desenvolvimento sustentável é economicamente vantajoso e acelerará o processo de distribuição de renda e de inclusão social do governo Dilma. Da mesma maneira que o Governo Lula vem promovendo crescimento com redução da desigualdade, achamos que no estágio em que nos encontramos no Brasil, também é momento de combinar crescimento econômico com redução das desigualdades nos ambientes de trabalho, evitando doenças e mortes.
Atenciosamente.
Os signatários
Para assinar esse abaixo assinado, Clique abaixo

http://bit.ly/hB25CV

sábado, 4 de dezembro de 2010

A DÉCADA DA PERVERSIDADE

O final dos anos 80 e início da década de 90 estão marcados na história dos brasileiros.
Os trabalhadores enfrentaram uma onda de demissões e privatizações.
Excelente documentário que retrata uma época que que gerou um custo social de desmonte do Estado e um custo social.
Neste documentário, o SindBancários resgata este período de mobilizações pelo emprego e perda de vidas.
Uma época de muitas perversidades.














Realização: SindBancários - Porto Alegre - RS
Roteiro e Direção: Hique Montanari

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MOVIMENTO SINDICAL E CULTURA (2)


 
O movimento sindical necessita ser desenquadrado de sua lógica pragmática.
Precisamos de formas de luta que inovem, sejam criativas, além das lutas tradicionais.
Buscar novos significados, resgatar antigos símbolos e bandeiras. Sempre em movimento.
Numa práxis que aponte caminhos, exercendo efetiva direção.
Encantando, hegemonizando os corações da classe trabalhadora, superando a pragmática do presente eterno.
Realizar os sonhos ao caminhar, pensar no devir, sem deixar de enfrentar o cotidiano, mas com postura estratégia.
Enfim, reenquadrar-se nessa nova moldura social

“O sindicalismo que já foi mais movimento que instituição, hoje é mais instituição que movimento”. (Boaventura de Souza Santos)

Enfrentamos minotauro neoliberal, resistimos , avançamos, mas ainda não saímos do labirinto, ainda buscamos o fio de Ariane.
A Ação cultural pode nos dar caminhos, pois envolve reflexão, gente em movimento, criatividade. 
Tem uma grande transversalidade, permitindo cimentar as várias ações em um todo coerente, transformador.
Para sair do labirinto, devemos usar a criatividade e construir nossas asas.
Mas, diferentemente de Ícaro, não voar em direção ao sol, “querer tomar os céus de assalto”.
Devemos ter noção dos limites e das possibilidades de nossos inventos e intentos.
Nossa rebeldia deve ser construída com tenacidade, criatividade, mas também com competência, estudando e compreendendo as dificuldades, 
como diz Boaventura, sermos “rebeldes competentes”.

“A cultura sindical terá de mudar sem renunciar a história, sem a qual não estaríamos onde estamos hoje. É preciso substituir uma cultura obreirista que associa progresso a crescimento do PIB, por uma cultura democrática de cidadania ativa para além da fábrica” (Boaventura)

Para além da fábrica não significa excluir os locais de trabalho,
mas compreender que os trabalhadores são cidadãos que necessitam ser tratados como tal,
sendo chamados a exercer sua cidadania, sem o que, as lutas específicas são de fôlego curto.
Significa entender que nos locais de trabalho também a sociedade se expressa e valores são construídos.
Os indivíduos particulares são cotidianamente bombardeados por valores da sociedade de mercadoria introjetando-os como algo lógico e natural.

“Há que se reconstruir o inconformismo e a indignação ante a banalização da injustiça e da violência através da criação de imagens e de subjetividades desestabilizadoras.” (Boaventura)

A cultura permeia todas as ações da sociedade.
Por isso a cultura deve ser tratada com centralidade na ação sindical.
Talvez assim o sindicalismo amplie a capacidade de hegemonizar um amplo movimento cultural que questione as bases da dominação, onde o individualismo é cultuado, a natureza devastada, tudo virou mercadoria.
Talvez um sentimento de generosidade e postura solidária se sobreponham
e avancemos no caminho de uma sociedade cujo objetivo central seja o bem comum.

Cultura é comportamento, se manifesta nas mínimas relações do cotidiano, é postura frente ao mundo. A auto-organização de cooperativas é cultura; sua conformidade em enfrentar filas, maus cheiros, desrespeitos, humilhações, é cultura; sua resistência, seu modo de encarar adversidades, é cultura; sua luta, individual ou coletiva, é cultura. É pela cultura que nos superamos e a proposta de desafio à classe trabalhadora e à sociedade civil deste país deve vir pelo meio da reflexão crítica de suas próprias demandas; redefinindo símbolos, ideias, valores e comportamentos; definindo um projeto de nação. É com a cultura que uma nação pode dar um salto no refazer da solidariedade, no direito à apropriação de sua memória e no conhecimento da importância do seu papel." (Célio Turino) 

continua...