"No
debate, a máxima tolerância;
na ação,
a máxima unidade"
Antonio Gramsci
Quando lutamos pela
defesa dos interesses dos trabalhadores, às vezes, temos que quebrar
os pratos. Mas sempre com o inimigo bem identificado, qual seja, as
elites e as personificações do capital. Às vezes com alguns grupos
que jogam água no moinho da direita
Só justifica quebrar
os pratos contra os adversários da classe.
Estamos diante de uma
conjuntura “explosiva”, onde a direita assanhada busca derrotar
os avanços conquistados conduzidos pelos governos populares e, de
lambuja, se a correlação de forças permitir, apear do poder o
governo eleito.
A CONTRAF é uma
importante ferramenta de luta dos trabalhadores. Tem um papel
importante a desempenhar.
Nos preocupa o que
ocorreu no 4° Congresso onde se escancarou uma grave crise na
direção da Entidade. Uma crise com pouca nitidez para quem não
está no meio do processo, ou seja, a maioria dos bancários.
Um Congresso que
ocorreu em um momento extremamente complexo da historia brasileira, onde
os debates políticos foram praticamente nulos.
Como está delineado o
processo, parece que não são pelos bancários que os pratos
quebram!
Judicializar, buscar
superar a situação de forma burocrática, revela caráter
intransigente. Depois de tantos anos compartilhando caminhos e
práticas, que tamanha divergência leva a tudo isso? O que está
impedindo uma solução dialogada para os conflitos?
Ora, no momento vivido,
não temos o direito de que interesses de grupos, incompreensões,
incapacidade de construção de consensos, tire o necessário foco de
buscar pavimentar os caminhos da resistência e dos avanços
necessários.
No campo popular
devemos evitar chegar a essa situação pois a unidade é essencial
para resistir e avançar.
Não uma unidade
formal, sem princípios, meramente para garantir poderes em aparatos.
Uma unidade em torno de concepção e prática transformadora.
Pois então, como se
constrói a unidade? É na ação e no fraterno, transparente e
incisivo - se necessário - debate.
Crise é oportunidade,
mas pode ser também um desastre.
Chamamos a todos(as) a
buscar reconstituir nossa unidade e mais além, pois o momento impõe
ampliar os arcos de alianças no campo popular.
Todavia, talvez seja
necessário lavar alguns pratos sujos para azeitar a máquina da
Contraf diante dos desafios e dos fardos que temos pela frente.
O primeiro prato sujo a
ser encarado é a falta de transparência – A própria crise
instalada, cujas causas são de difícil identificação, mostra que
a vida da entidade não é muito cristalina.
Devemos superar,
também, a estrutura vertical. Em tempos de redes sociais, de um
mundo cada vez mais horizontalizado (inclusive nas empresas), é
imperativo que incorporemos mais e mais sindicatos/trabalhadores nas
formulações das políticas e nas decisões da entidade.
Permitir/estimular/
estruturar-se para ampla participação dos trabalhadores é imperativo.
É preciso superar a
democracia de baixa intensidade, onde o cupulismo vigora – As
decisões são, em sua maioria, feitas pelo campo majoritário, com
dificuldades de incorporação de minorias (ou maiorias?) no processo
de deliberação.
Podemos elencar outras
questões a serem enfrentadas: a formação de baixa intensidade;
a cultura do “pequeno debate” (carros/viagens/celular/estrutura)
em detrimento das grandes causas, grande lutas.
É essencial
identificar claramente as diferenças. A partir daí, buscar a
unidade em cima de propostas concretas, conectadas com uma estratégia
de longo alcance, pavimentada por uma tática adequada.
É uma oportunidade de
repactuar, com todos atores, a gestão da entidade. Sistematizar um
plano de luta ousado. É um momento de resistir para não perder
direitos e mais além. Só vamos resistir, avançando.
Momento exige e
facilita o debate mais estratégico quanto ao futuro da luta dos
trabalhadores e de nossa categoria. Aproximou-se sobremaneira, a
demanda imediata dos bancários das grandes questões nacionais.
A Política econômica
afeta o dia a dia e o futuro da categoria. Futuro que depende do
debate e da disputa sobre os rumos do país.
A questão previdenciária não se resolve somente com negociação com os bancos; Combate à corrupção só com reforma política.
A questão previdenciária não se resolve somente com negociação com os bancos; Combate à corrupção só com reforma política.
Nossa categoria é
afetada pela política tributária injusta. É um setor de classe
média que está no meio do furacão. É bastante influenciada pelo
ataque midiático e pela propaganda interna dos bancos.
O tacão da PL 4330
está sobre a cabeça da categoria. Uma luta difícil e decisiva para
o futuro dos bancários.
Portanto os “pratos
sujos” apresentados e os desafios que temos pela frente clamam a
unidade. Lavar os pratos para “limpar a cozinha” e preparar a
resistência/ofensiva necessária.
Estamos todos no mesmo
barco. Problemas, quem não os tem? Mas a alma não pode ser pequena
nesse momento. A política é feita de pessoas, os grupos são
constituídos de seres humanos.
Nosso time junta os
melhores corações e deve estar batendo no rumo dos verdadeiros
objetivos dos trabalhadores. Essas energias precisam ser canalizadas
para a boa luta.
Para
isso é essencial a unidade das esquerdas e muita conversa com o
povo, muita luta.
Tudo
isso compreendendo a correlação de forças, o assanhamento da
direita, na espreita para que retrocessos substanciais aconteçam.
Sem
ingenuidades e sectarismos mas acreditando na força do povo,
buscando impor nossa pauta, nossas razões convincentes e não, de
forma acrítica, abraçar as razões governamentais.
Enfim,
precisamos de um trabalho de tradução, que “visa esclarecer o
que une e o que separa os diferentes movimentos e as diferentes
práticas, de modo a determinar as possibilidades e os limites da
articulação ou agregação entre eles”. (Boaventura Santos)